domingo, 29 de abril de 2012

Jacó - Um antigo trapaceiro




Mente e coração
“... Lançai fora os deuses estranhos que há no vosso meio, purificai-vos e mudai as vossas vestes.” (Gênesis 35.2b)

Instrução básica
Gn 35:1-7

Texto e contexto
A história narrada aqui é a certeza de que Jacó agora era um novo homem, não mais o antigo, que fazia vistas grossas para o seu pecado e o de sua familia. Jacó chamou toda sua familia e exigiu purificação de todos: “Lançai fora os deuses estranhos... puridicai-vos e mudai as vossas vestes.”

Comportamento bem diferente do que adotou quando saiu de Padã-Arã. Naquela ocasião, Jacó saiu escondido de Labão, só avisou às suas esposas que arrumassem as coisas que iam embora. Ele nem era reconhecido como um servo de Deus de Abraão e Isaque. Veja como Labão se refere ao sonho que teve: “O Deus de vosso pai me falou” (Gn 31:29, ele não diz: “o seu Deus”.

Aqui encontramos um homem temente a Deus, transformado. Ele assume seu compromisso e sabe que não existe lugar em sua vida para uma adoração paralela a outros deuses e convida sua família a fazer o mesmo e abandonar a velha vida.
“O arrependimento envolve a renúncia de qualquer coisa que impeça ou atrapalhe a adoração e o culto a Deus. A exigência primária da aliança é a lealdade exclusiva a Deus (Êx 20:3-5; Js 24:23).” Este texto mostra que Jacó agora era um homem transformado e queria conduzir toda a sua família num propósito de purificação e adoração a Deus.

Texto e vida
Quando lemos esta passagem, nos deparamos com o milagre da conversão. A conversão nos nossos dias tem sido banalizada. Qualquer um diz que é cristão, mas não tem nada a ver com Cristo, com ser separado, ser santo. É urgente que no meio da igreja haja purificação, haja reconhecimento de que estamos guardando ídolos, escondendo deuses estranhos, usando vestes do velho homem.

Essa santificação pode começar na vida de cada um de nós, nas nossas casas, nas nossas classes de escola dominical, nas nossas reuniões. Quais são os deuses escondidos no meio de nós? Quais são as vestimentas do velho homem que precisam ser lançadas fora? Quais pecados nos parecem tão familiares que nem nos envergonhamos por cometê-los?

Vamos lá! É tempo de deixar a vida do velho homem e nos revestir de novo homem, criado por Deus, em justiça e retidão (Ef 4:20:24)

Foco
  1. Entender que ser cristão exige renúncia das nossas velhas manias pecaminosas;
  2. Assumir o compromisso de um testemunho cristão que influencie o meio onde vive.

Esquentando os motores
Comece a aula com a seguinte dinâmica. Escreva numa cartolina a palavra trapaça. Forme um círculo com seus alunos e dê uma caneta para cada um. Peça a eles que escrevam em volta da palavra atos que sejam de trapaça.

Provavelmente, escreverão atitudes relacionadas à política, mas vá incentivando-os para que cheguem aos atos do cotidiano, aquelas “pequenas infrações” pelas quais a maioria das pessoas nem se sente culpa: mentirinha, furar fila, colar e passar cola, pegar canetas de estabelecimentos, sonegar impostos, passar no sinal vermelho, etc. Todos perceberão que a trapaça existe em todos os níveis da sociedade e pode ser exercida de uma maneira que até fique parecendo normal, nada demais.

Jacó era o típico espertalhão. Quando lemos os textos que contam as suas enganações, acabamos por achar que Esaú era um atrapalhado, que não ligava para os valores da família (Gn 25:27-34; 26:34-35), ele merecia perder o direito de primogenitura. Mas isso já havia sido avisado no seu nascimento, Rebeca já sabia que o mais novo estaria em posição superior al mais velho. Então, mesmo que Jacó não fizesse nada, ele já teria o direito. É difícil explicar isso, mas nossos atos de trapaça náo justificam os fins. Jacó passou a juventude inteira fugindo, deixou seu pai com um sentimento terrível quando percebeu que não tinha dado a bênção a Esaú (Gn 27:33) e continuou no seu mundo de trapaças.

Jacó levou muitos anos para perceber que a sua esperteza um dia o deixaria em apuros e foi assim que ele se sentiu. Ele foi esperto com Esaú, mas Labão também usou de esperteza com ele, seu uma de “João sem braço”. Muitas vezes ele experimentou do próprio veneno. Além disso, ele não aguentava mais viver sob o senhorio de Labão e seus filhos, mas tinha medo de voltar para o meio da sua familia. Os atos falhos e as pequenas infrações nos colocam numa bola de neve, que parece não ter fim.

Partida
Vocês sabem o que quer dizer a expressão “jeitinho brasileiro”? Trapacear, enganar, levar vantagem em tudo. Pois é, Jacó viveu tantos séculos antes do Brasil existir e tinha o “jeitinho brasileiro”.
  • Ele se aproveitou da fome do irmão;
  • Com sua mãe, enganou o pai e, de novo, passou a perna no irmão;
  • Soube dar o troco quando o seu sogro e cunhados queriam tirar vantagem à custa do seu trabalho;
  • Quis até mesmo fazer barganha com Deus. Ou seja, ele sempre queria levar vantagem.

Nota: Alguns confundem o “jeitinho brasileiro” com a capacidade de se adaptar a tudo. Mas, na verdade, há vários textos explicando que o “jeitinho brasileiro” é aquele de dar uma de esperto, de seguir a lei de Gérson e levar vantagem em tudo.

O jeitinho
“Na prática, o “jeitinho” é uma maneira de a pessoa se colocar entre o certo e o errado. Ela sabe que o que está fazendo não é moralmente correto, mas perdoa a si mesma porque sabe que estará saindo na vantagem.”

“Jeitinho brasileiro” é igual a trapacear. Exemplo: furar fila, levar o troco a mais, colar na prova, falsificar assinatura, jogar lixo na rua, tirar proveito do professor, dos pais, dos irmãos, dos colegas, só para se dar bem. E dizer: “Não foi errado, só dei um jeitinho.”

O trapaceiro começa com pequenas mentiras, até se tornar um grande mestre da trapaça. Jacó era bom nisso, mas já estava todo enrolado e com medo.

Jacó nada mais fez do que tirar vantagem de Esaú. Primeiro, se aproveitou da fome de Esaú. Depois, até se asustou com a orientação de Rebeca para que tomasse o lugar do seu irmão, mas, mesmo assim, ele foi. Teve tempo para mudar de ideia enquanto buscava os cabritos, enquanto Rebeca cozinhava e enquanto pegavam as peles. Mas, para quem já tinha enganado uma vez, não foi difícil enganar de novo.

No ringue
Aquele que começa com mentira acaba se tornando um grande mentiroso, sem peso nenhum. O encontro de impacto com Deus talvez seja uma luta longa, faz do homem acostumado a pecar uma nova criatura.

Frank Abagnale “Prenda-me se puder” foi um trapaceiro de sucesso dos 16 aos 22 anos. Começou com falsificações de cheques, de assinaturas, de identidade, de profissão e viajou o mundo aplicando golpes. Ficou preso durante cinco anos. Percebeu que sua vida no crime seria sempre de fuga e mudou de rumo. Hoje é um milionário, porque ensina as empresas a evitar as fraudes. Na história dele nada indica que houve conversão, apenas é um bom exemplo de que a vida de trapaça é sempre conturbada. Não há paz na vida do trapaceiro e falsificador.

Pensando bem, todos nós gostamos um pouco do antigo Jacó. Ele se virava bem com aquela mania. Porém, ele mesmo não estava bem, vivia cheio de temores desde a adolescencia. Quando bem, vivia cheio de temores desde a adolescência. Quando lutou com Deus, viu quanto o Senhor o amava, pois não o matou, então percebeu que era hora de deixar qualquer outra opção de lado e seguir em frente como servo de Deus vivo, o mesmo que o tinha abençoado durante todos os anos de sua vida.

Uma hora ou outra a casa cai para os mentirosos, manipuladores, enganadores, deturpadores da verdade. Sempre haverá a descoberta. E aí? Como enfrentar? Fugis? E se não houver para onde fugir?

Vocês já viveram alguma situação da qual gostariam de fugir, colocar a cabeça num buraco para se esconder de tanta vergonha? Acho que foi o seu dia de Jacó, de tão esperto que eram, ficaram com medo de enfrentar a situação. Vocês estão no ringue para lutar contra o peso pesado, e agora? Leia: Ef 4:20-24; Hb 10:26-27 e 1Jo 1:9

Pit Stop
Nenhum tipo de trapaça tem lugar na vida de quem teve um encontro com Deus. Nossa vida não é flex* como os carros.

Chegada
O censo revela que o número de evangélicos cresceu, mas o nosso país continua sendo um dos mais corruptos do mundo. Onde estamos nós? Nada muda nas nossas vidas, continuamos no mesmo mundo de sempre, guardamos nossa raiva, nossas rixas, nossos jeitinhos, mantemos nossa natureza intacta. Entramos e saímos de culstos e mais cultos e nada nos confronta. Quanto a igreja se levantar, quando nós ouvirmos a voz de Deus, a igreja será transformada, a nossa sociedade será tocada e sentirá o “bom perfume de Cristo”.

“A sociedade muda quando os indivíduos que vivem nela mudam.”

A nossa sociedade tem se corrompido cada dia mais. Isso não é um erro apenas dos políticos. A corrupção começa dentro dos lares. Quando nos encontramos com Deus isso tem de mudar. É uma luta, mas não há como sair do encontro com o Senhor sem transformação.

A mudança na vida de Jacó não foi benefício só para ele, foi também para sua família, para as terras por onde ele passava e se estendeu a toda a sua geração e atravessou os séculos.
Quanto nós, cristão, formos sal e luz nesta sociedad corrompida, ela também começará a mudar.

Um pouco mais
Tivemos também a participação de Igor Santos dando sua palavra sobre o impacto da pirataria na vida dos artistas e o que Deus falou com ele sobre não ser certo baixar músicas sem concentimento do artista. Antes ele sempre baixava e depois desta confirmação de Deus, nunca mais baixou. O interessante é que depois desta decisão, passou a ganhar muitos CDs.

Bíblia e a família
Converse com a sua família sobre o tema desta lição, sobre a postura que os cristãos têm de tomar numa sociedade corrompida e não se deixar enredar no erro, com a desculpa de que é somente um jeitinho.

Orem a respeito da urgência que temos em mudar, para que a nossa sociedade seja também abençoada no convívio com a igreja.