domingo, 19 de agosto de 2012

Crer é essencial - Fé fortalecida afasta dúvida


Mente e coração
“Sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe.” Hebreus 11:6

Instrução básica: Hebreus 11:1-3, 8-14

Muitas vezes temos que dar um passo de fé:


Texto e contexto
O escritor de Hebreus está bem consciente de que a vida na fé não é fácil, mas chama à mente a proeza de muitos homens e mulheres da fé do passado. Produz uma mini galeria de arte, em miniatura, de retratos de pessoas piedosas que, a despeito das suas realizações, não herdaram plenamente as promessas, porque tinham vivido antes dos tempos de Cristo.

O relato de Hebreus 11:1-3 começa com algumas declarações gerais acerca da fé. Não precisamos supor que o escritor está tentando oferecer uma definição precisa da fé na sua declaração inicial. Cita, pelo contrário, aqueles aspectos importantes que são tão vividamente ilustrados nas experiências passadas do povo de Deus. A declaração: A fé é a certeza de coisas que se esperam introduz a palavra grega “fé” (pistis) se o artigo, que demostra que o autor está pensando na fé geral, não especificamente na fé cristã; (...) Coisas que se esperam é bem geral e focaliza-se na “esperança” mais do que em qualquer outro objeto específico abstrato (elpis), mas o resultado da atividade de esperar. A fé é o ato de compromisso da parte do crente, ao passo que a esperança é o estado da mente.


Texto e vida

Precisamos admitir: muitos de nós somos mentalmente preguiçosos quando o assunto é a fé cristã. Gastamos muito mais energia mentalmente investindo em nossas carreiras, obrigações e lazer do que meditarmos nas verdades bíblicas. Nossas igrejas oferecem oportunidades para aprender, mas frequentemente estamos muito ocupados com outras coisas. Sem crescimento espiritual, fica difícil confrontar o mundo lá fora, ter resposta adequada para os problemas da vida de uma sociedade materialista e sem Deus. Que haja em nós a força de vontade para vencermos tal preguiça e aprofundarmos nosso conhecimento e fé.

Foco
  • Entender que há certas verdades que não podem ser provadas pela razão;
  • Compreender que fé superficial pode trazer problemas e gerar dúvidas.

Esquentando os motores
Às vezes, no decorrer de nossa vida, conseguimos ver o nosso caminho direitinho, bem como as ações que precisamos tomar. Mas, frequentemente, o nosso caminho está escuro e não conseguimos ver um palmo à nossa frente. O que fazer? Acreditamos nas pessoas que estão à nossa volta “querendo ajudar” a chegar ao alvo. Mas nem todo mundo está querendo ajudar – há pessoas querendo atrapalhar também. Como saber diferenciar quem quer ajudar e quem quer atrapalhar? Como se livrar do medo de estar tomando o caminho errado e acabar tropeçando em um obstáculo? Como saber que estamos no caminho certo? E assim é nossa caminhada rumo ao paraíso. Teremos de dar um passo que leva a Jesus, baseado na nossa fé.

Partida
Quanto é dois mais dois? Quantos lados tem um triângulo? Qual é a raiz quadrada de nove? As respostas são exatas e nós sabemos todas com certeza: 4,3 e 3. Mas como estas certezas matemáticas ajudam quando vocês estão tristes e confusos? Elas de nada servem, é o que vocês irão descobrir. Vocês vão notar, com o passar do tempo, que aquilo que vocês têm como certeza não é realmente importante e não mudará nada em suas vidas. As coisas realmente essenciais para vocês não poderão ser provadas. E aí entra a fé.

O que é importante
O cristianismo não se preocupa com verdades evidentes, que podemo ser provadas por experimentos ou contas matemáticas. Crenças verdadeiramente importantes relacionam-se a ter conhecimento de se Deus existe, como ele é, como ele se relaciona com o ser humano, bem como qual é o mistério da natureza humana, por que estamos na terra e qual nosso papel a desempenhar aqui. Essas – e um conjunto de outras crenças importantes – têm duas características em comum:


  1. São relevantes para a sua vida. Acreditar nelas (ou deixar de acreditar) muda a sua maneira de encarar a vida e de agir.
  2. Não podem ser provadas nem refutadas definitivamente. Neste caso, o que podemos fazer é ter esperança de que possivelmente sejam verdadeiras. Quando não puder haver certeza, será necessária a fé. O cristianismo está baseado na fé.
Atos de fé
Crer em Deus requer um ato de fé – não crer em Deus requer, igualmente, um ato de fé. Não dá para escolher um desses dois lados baseando-se em certezas que podem ser provadas e demonstradas.
Aceitar Jesus pede um salto de fé – mas o contrário também é verdadeiro;
Aceitar o cristianismo requer fé – porém o mesmo vale para rejeitá-lo.


Toda atitude em relação a Deus, a Jesus e ao cristianismo envolve fé, e não certeza. Fé é confiar sem reservas, e não acreditar sem provas. Vocês confiam que alguém que os ama já demostrou isso e está falando a verdade. Vocês sabem que essa pessoa não teria motivos para enganá-los ou querer prejudica-los. E assim deve ser com Deus e Jesus. Sabemos de seu amor por nós, que levou Deus a entregar seu Filho na cruz para morrer nela – não há motivo para haver desconfiança de nossa parte para com eles. Leia Hebreus 11:1-3. 

A fé é a decisão de viver no pressuposto de que certas coisa são verdadeiras e merecem confiança, tendo a certeza de que, um dia, saberemos que são mesmo verdade. Temos vários exemplos de fé no Antigo testamento. Um que geralmente vem à memória é o de Abraão. Leiam Hebreus 11:8-14 e vejam como a fé de Abraão foi testada – e ele passou com louvor no teste. Ele foi um homem de Deus e um exemplo de fé a ser imitado.

A fé superficial é vulnerável
Assim como a casa construída na areia, sem fundação, é levada pelas ondas, a fé sem fundamento é abalada com facilidade por dúvidas e obstáculos. Por isso, não podemos relaxar quando o assunto é fé – sempre há muito trabalho a fazer. Uma planta, se não for regada, morre; com a fé é a mesma coisa: ela vai morrer se vocês não “a regarem”. Como fazer para que a fé se desenvolva?

Precisamos ter em mente que a fé possui três elementos principais.

O primeiro é que ela é confiança em Deus – em sua lealdade e fidelidade. Inclui se alegrar em sua presença. É um sentimento profundo que faz o cristão querer ficar perto de Deus, louvar o seu nome e estar em sua presença, desfrutando tudo que o Senhor quer lhe oferecer. Nesse primeiro momento, tem mais a ver com o coração do que a mente.

Mas muita gente parece não passar desse primeiro estágio. Fica emperrada em suas emoções – e a fé de pessoas assim facilmente é reduzida à emoção. Parece superficial, não cria raízes, não tem fundamento. Fé madura apega-se a Deus, conhece-o de andar com ele, nas lutas e felicidades. Pode até ser abalada, mas nunca destruída.

O segundo elemento da fé é, então, entender mais sobre Deus e Jesus Cristo. É aprofundar com a mente aquilo que o coração já sabe. É estudar a Palavra, compartilhar experiências, ajudar outros em suas caminhadas. O cristão não saberá muitas coisas sobre Deus nesta terra, porque não foram reveladas, mas as que ele precisa saber estão na Bíblia e é dever dele estuda-la.

O terceiro elemento da fé é a obediência. Fé se manifesta em nossos atos. Tiago diz que fé sem obras é morta. Leia Tiago 2:14-26.

Se vocês permitirem que a sua fé seja superficial, se vocês pararem no primeiro estágio, apenas nas emoções, sem se aprofundar no conhecimento de Deus, a dúvida surgirá – e vocês não terão como lidar com ela e se afundarão em mais dúvidas. Se vocês têm muitas dúvidas isso é sinal de que a fé está firmada em fundamentos instáveis.

Pit stop
Como anda a fé de vocês? Superficial ou enraizada no entendimento de Deus? Morta ou viva? Parem para pensar nestes pontos. Façam uma autoavaliação de suas vidas e vejam o que precisam modificar.

Chegada
Por meio da dúvida, Deus aprofunda a nossa fé, mostrando-nos que carecemos dele. A existência da dúvida é como uma placa de sinalização indicando que há alguma coisa errada, que estamos negligenciando alguma parte de nossa vida cristã. Cabe a nós ficar atentos aos sinais de fraqueza da fé e nos esforçar para avançar nos caminhos do Senhor, crescendo em fé e conhecimento. A luta diária pode desgastar e desanimar, mas em Deus temos a força para continuar na batalha. Então, reforcem a fé com entendimento

Bíblia e Família
Esta semana, leia a Bíblia e preencha o Diário de crescimento espiritual.


quinta-feira, 16 de agosto de 2012

A Oração

(Lucas 11:2)

Deus nos criou e nos redimiu para termos comunhão com Ele, e a oração é uma parte importante do nosso relacionamento com Deus. Ele nos fala na Bíblia e através dela, a qual o Espírito Santo descerra/abre e aplica ao nosso coração, e nos capacita a entender. Nós, então, falamos a Deus a respeito dele mesmo, a respeito de nós mesmos e de pessoas em seu mundo, formulando o que dizemos como resposta ao que ele tem dito. Essa forma de conversação bidirecional continua enquanto dura a vida.

A Bíblia nos ensina a orar tanto privativamente (Mateus 6:5-8) como em companhia uns dos outros (Atos 1:14 e 4:24). Na oração, o povo de Deus expressa adoração e louvor; confessa seus pecados e pede perdão; dá graças pela bondade de Deus; e faz petições por si mesmo e pelos outros. A oração do Pai Nosso (Mateus 6:9-13 e Lucas 11:2-4) inclui adoração, petição e confissão; também fornece modelos para esses três tipos de oração e, também, de petição e intercessão.

Na petição, a pessoa que ora torna suas petições conhecidas de Deus, expressando sua fé e dependência dele para todas as coisas. A petição é a dimensão da oração mais frequentemente realçada através da Bíblia. Como ocorre com outros aspectos da oração, as petições comumente devem ser dirigidas ao Pai, como mostra o Pai Nosso; porém a oração pode ser dirigida a Cristo, como nos dias de sua encarnação (Romanos 10:8-13 e 2Corintios 12:7-9), e ao Espirito Santo (Apocalipse 1:4).

Jesus ensina que a petição ao Pai deveria ser feita em seu nome (João 14:13-14; 15:16; 16:23-24). Isso significa que devemos invocar sua mediação como Aquele que assegura nosso acesso ao Pai, olhando para ele como nosso esteio, como nosso intercessor na presença do Pai.

Podemos orar a Deus com fervorosa persistência, quando lhe apresentamos nossas necessidades (Lucas 11:5-13; 18:1-8), sabendo que ele atenderá as nossas orações. Porém Deus sabe o que é melhor para nós, de uma maneira que nós não sabemos, e Ele, por isso, pode recusar nossos pedidos específicos. Se Ele os nega a nós é porque tem alguma coisa melhora para nós, como quando Cristo se recusou a tirar o espinho de Paulo (2 Corintios 12:7-9). Dizer "seja feita a tua vontade", submetendo nossas preferências à sabedoria de Deus, como Jesus fez no Getsêmani (Mateus 26:39-44)m é um modo explícito de expressar fé na bondade daquilo que Deus tem planejado.

Na intercessão, apresentamos a Deus as necessidades e preocupações de outros. Ao fazermos isso, exercitamos a dádiva do amor de Deus por eles. No Antigo Testamento, Moisés é um modelo para esse tipo de oração. No Novo Testamento, ela está no centro daquilo que Jesus veio fazer, como João 17 revela. A mesma oração mostra que a glória de Deus estabelece o propósito final da intercessão. Do mesmo modo, o Pai Nosso coloca a glória de Deus em primeiro lugar, fazendo do nome de Deus o guia tanto para as nossas petições como para as nossas confissões.

Fonte: Bíblia de Estudo de Genebra

terça-feira, 14 de agosto de 2012

O "arrependimento" de Deus



A palavra hebraica para arrependimento é noham. É usada para indicar tanto o arrependimento humano quanto o arrependimento de Deus no Antigo Testamento.

É do conhecimento de todos que a Bíblia fala do arrependimento de Deus. Mas como o arrependimento de Deus deve ser entendido? Será que o arrependimento humano serve de parâmetro para o arrependimento de Deus? O arrependimento de Deus é o mesmo dos homens? Deus realmente se arrepende?

Antes de responder a estas perguntas, é preciso observar, primeiramente, que a Bíblia trata do arrependimento de Deus nas seguintes passagens:

Gênesis 6.5-7 (Viu o Senhor que a maldade do homem se havia multiplicado na terra, e que era continuamente mau todo desígnio do seu coração; então se arrependeu o SENHOR de ter feito o homem na terra, e isso lhe pesou no coração. Disse o SENHOR: Farei desaparecer da face da terra o homem que criei, o homem e o animal, os répteis, e as aves dos céus; porque me arrependo de os haver feito);

Êxodo 32. 12 (Por que hão de dizer os egípcios: Com maus intentos os tirou, para matá-los nos montes e para consumi-los da face da terra? Torna-te do furor da tua ira e arrepende-te deste mal contra o teu povo);

I Samuel 15.10,11,35 (Então, veio a palavra do SENHOR a Samuel, dizendo: Arrependo-me de haver constituído Saul rei, porquanto deixou de me seguir e não executou as minhas palavras...O SENHOR se arrependeu de haver constituído Saul rei sobre Israel);

2 Samuel 24.16 (Estendendo, pois, o Anjo do SENHOR a mão sobre Jerusalém, para a destruir, arrependeu-se o SENHOR do mal e disse ao Anjo que fazia a destruição entre o povo: Basta, retira a mão...);

Jeremias 18.7,8 (No momento em que eu falar acerca de uma nação ou de um reino para o arrancar, derribar e destruir, se a tal nação se converter da maldade contra a qual eu falei, também eu me arrependerei do mal que pensava fazer-lhe);

Joel 2.13 (Rasgai o vosso coração, e não as vossas vestes, e convertei-vos ao SENHOR, vosso Deus, porque ele é misericordioso, e compassivo, e tardio em irar-se, e grande em benignidade, e se arrepende do mal);

Jonas 3.10 (Viu Deus o que fizeram, como se converteram do seu mau caminho; e Deus se arrependeu do mal que tinha dito lhes faria e não o fez).

Como entender estas passagens à luz de um contexto bíblico mais amplo? Cremos que o Dr. James Packer está correto quando diz: "A referência em cada caso é sobre a anulação de um prévio tratamento dispensado a certos homens, como conseqüência da reação deles a esse tratamento. Mas não há sugestão de que essa reação não tenha sido prevista, ou que Deus tenha sido tomado de surpresa, e que não estivesse estabelecida em seu plano eterno. Não há mudança alguma em seu propósito eterno quando Ele começa a agir em relação a um homem de maneira diferente".

Além dos textos bíblicos acima, outras passagens são categóricas em afirmar que Deus nunca se arrepende:

Números 23.19 (Deus não é homem, para que minta; nem filho de homem, para que se arrependa. Porventura, tendo ele prometido, não o fará? Ou, tendo falado, não o cumprirá?);

I Samuel 15.29 (Também a Glória de Israel não mente, nem se arrepende, porquanto não é homem, para que se arrependa);

Oséias 13.14 (...Meus olhos não vêem em mim arrependimento algum).

Não existe contradição alguma entre os textos que dizem que Deus se arrepende e os que afirmam de outra maneira. Pelo contrário, essas três últimas passagens bíblicas estabelecem definitivamente que o arrependimento de Deus nunca deve ser entendido como o arrependimento humano. E por que não? Simplesmente porque o arrependimento do homem é causado pelo reconhecimento de uma atitude precipitada, como resultado da ignorância do que havia de acontecer. Nós nos arrependemos porque erramos. No caso de Deus é extremamente diferente. Ele jamais comete erros. Em Deus "não pode existir variação, ou sombra de mudança" (Tg 1.17).

Quando a Bíblia fala de Deus se arrependendo e mudando sua intenção para com o homem, "evidentemente é só a maneira humana de falar. Na realidade a mudança não é em Deus mas no homem e nas relações do homem com Ele" (L. Berkhof).  Berkhof complementa: "Quando fala de si mesmo, Deus freqüentemente acomoda a Sua linguagem às nossas capacidades limitadas. Ele Se descreve a si mesmo como revestido de membros corporais como olhos, ouvidos, mãos, etc. Fala de Si como tendo despertado (Salmo 78.65) e como ‘madrugando’ (Jeremias 7.13), apesar de que Ele não cochila nem dorme. Quando Ele estabelece uma mudança em Seu procedimento para com os homens, descreve a Sua linha de conduta em termos de arrepender-se". Em suma, o arrependimento de Deus não ocorre por causa de qualquer mudança nEle, mas por causa de nossa mudança para com Ele.