sábado, 10 de janeiro de 2015

O VERDADEIRO CONHECIMENTO DE DEUS


Mas o que se gloriar, glorie-se nisto: em me conhecer e saber que eu sou o SENHOR, e faço misericórdia, juízo e justiça na terra; porque destas coisas me agrado’, diz o SENHOR. (Jeremias 9.24)

Em 1Timóteo 6.20, 21 Paulo adverte Timóteo contra os falatórios inúteis e profanos, e as contradições do saber (grego gnosis), como falsamente lhe chamam, pois alguns, professando-o, se desviaram da fé. Paulo está atacando as tendências teosófico-religiosas que evoluíram para o gnosticismo no segundo século de nossa era. Mestres dessas crenças e práticas aconselhavam os crentes a considerar seu compromisso cristão como que um confuso primeiro passo na estrada do “conhecimento”, e os incentivaram a tomar novos passos ao longo dessa estrada. Esses mestres, porém, tinham a ordem material como desprezível e o corpo como uma prisão para a alma, adotando a iluminação como a resposta completa à necessidade espiritual do homem. Negavam que o pecado fosse alguma parte do problema, e o “conhecimento” que ofereciam incluía somente palavras de encantamento, contrassenhas celestiais, disciplinas místicas e concentração extática. Eles reclassificaram Jesus como um mestre sobrenatural que parecia homem, embora não o fosse. A encarnação e a reconciliação eram negadas, e substituíram o convite de Cristo para uma vida de amor santificado por prescrições para o ascetismo ou permissão para a licenciosidade. As cartas de Paulo a Timóteo (1Tm 1.3, 4; 4.1-7; 6.20, 21; 2Tm 3.1-9); Judas (4, 8-19); Pedro (2Pe 2); e as duas primeiras cartas de João (1Jo 1.5-10; 2.9-11, 18, 19; 3.7-10; 4.1-6; 5.1-12; 2Jo 7-11) se contrapõem explicitamente às crenças e práticas que mais tarde emergiriam como gnosticismo.

Em contraste, A Escritura fala de “conhecer” Deus como o ideal espiritual pessoal, a saber, a plenitude de uma fé-relacionamento que traz salvação e vida eterna, e gera amor, esperança, obediência e gozo (ver, por exemplo, Êx 33.13; Jr 31.34; Hb 8.8-12; Dn 11.32; Jo 17.3; Gl 4.8, 9; Ef 1.17-19; Fp 3.8-11; 2Tm 1.12.) As dimensões desse conhecimento são intelectuais (conhecer a verdade acerca de Deus: Dt 7.9; Sl 100.3); volitivas (crer em Deus, obedecê-lo e adorá-lo em termos dessa verdade); e moral (praticar a justiça e o amor: Jr 22.16; 1Jo 4.7, 8). A féconhecimento focaliza o Deus encarnado, o homem Cristo Jesus, o Mediador entre Deus e nós, pecadores, por meio de quem chegamos a conhecer seu Pai como nosso Pai (Jo 14.6). A fé procura conhecer Cristo e seu poder especificamente (Fp 3.8-14). O conhecimento da fé é o fruto da regeneração, a doação de um coração novo (Jr 24.7; 1Jo 5.20) e da iluminação pelo Espírito (2Co 4.6; Ef 1.17). O conhecimento-relacionamento é recíproco, implicando afeição pactual de ambos os lados: conhecemos Deus como nosso porque ele nos conhece como seus (Jo 10.14; Gl 4.9; 2Tm 2.19).


Toda a Escritura nos foi dada para nos ajudar a conhecer Deus desse modo. Trabalhemos para usá-la para seu propósito apropriado. Teologia Concisa, J.I. Packer, Editora Cultura Cristã.